A rebelião pandêmica dos seres cindidos



Nenhuma ditadura é do bem. Mas todas as ditaduras se instalam a partir de uma elite persuadindo o povo através da dissimulação do bem comum. A ditadura sanitarista pandêmica não é diferente disso, pois nela tanto parte da mídia corporativa, quanto os especialistas, multibilionários, burocratas e políticos patrocinadores das narrativas dominantes e defraudadores de toda a censura contra vozes dissidentes estão operando num sistema cognitivo fechado e de crenças dissociativas já ultrapassadas em ciências e na saúde. Suas narrativas publicitárias repetitivas e adulteradoras apontam para um perigoso caminho separatista, segregacionista e desagregador de redução ao biológico e de progresso restritivo que impõe a todos uma direção unívoca: antinatural, materialista, estética, tecnocrática e cibernética. E que cerceia as liberdades humanitárias, obliterando a verdadeira diversidade orgânica e social, bem como, viola direitos e a dignidade humana, tanto quanto, inverte maquiavelicamente direitos e deveres, aproveitando-se de um vácuo de não saberes sobre ciências da saúde do povo em geral. Tudo isso em nome do bem comum daqueles que exigem todo o sacrífico dos outros, classificando-os como trabalhadores não essenciais numa espécime de eugenia sanitarista e higienista disfarçada de cuidados com a saúde.

Por conseguinte, essa elite hipócrita e estupidificada, atuando como operadora das sombras e inconsciente das forças assoladoras que está a servir, se presta a lançar a humanidade numa distopia de construção de artificialidades e que em seu encantamento biotecnológico apenas reencena o mito prometeico; ou seja, o da criatura se voltando contra o próprio criador. É a rebelião das criaturas cindidas que em sua oposição entre a fé e o intelecto, ou seja, com a sua "casa dividida entre a razão e a emoção", acreditam piamente, em seu ledo engano, que basta substituir a noção de um deus criador pela deusa razão para corrigir o rumo da civilização, colocando a razão mais uma vez a serviço do cérebro visceral, primitivo, bestializado. Se diante de uma fachada de ciência ou de religião, pouco importa, a história está repleta de assassinatos seja em nome do rei, da tribo, da religião única ou da ciência impositiva...

Isso ocorre porque o desenvolvimento moral (psicológico e espiritual) de qualquer turba de pretensas elites iluminadas (ou iluministas!) a frente dessa ruptura civilizacional faz pálida figura e não coincide com as suas promessas ou propaganda, tampouco acompanha a sua desmedida ambição ideológica por poder de controle tecnocrático que insanamente almejam obter e impor sobre a toda a humanidade. E esse próprio delírio impositivo do seu poderio megalômano e desejoso controle psicopático já revela a sua contradição perigosa e o seu laivo totalitarista de robotização ou bestialidade, seja num aspecto cibernético ou orgânico (ou híbrido), não importa, pois, todos infra-humanos, retrógrados, decaídos, a serviço do mal na história; como prometeus recalcitrantes.

O mito prometeico pode ser contemplado em seu sentido mítico, psicológico, arquetípico e religioso já fartamente reproduzido pela literatura na cultura desde tempos passados e até pela ficção científica futurista distópica, em roteiros que descrevem pessoas agindo como bestas adestradas ou como robôs programados que atuam como artífices de sistemas mórbidos e deletérios que se voltam contra seus próprios apologistas. O que aos olhares mais atentos são os cenários que já ocorreram (ou poderiam vir a ocorrer) noutras épocas e que agora repetem seu padrão numa escala globalizada, engolfando muita gente, sendo os políticos, jornalistas, burocratas, bilionários e especialistas "autoritários" em suas falsificadas narrativas consensuais charlatanescas seu mais acabado exemplo: verdadeiras bestas quadradas. Assim assistimos "ao vivo e a cores" a esse espetáculo de ilusionismos dantescos onde parte das classes falantes no poder e parte das massas atônitas não sabem a que forças estão servindo, mas as servem mesmo assim, devido a corrupção materialística das suas inteligências. Essas elites, no entanto, não detém o poder como acreditam em seu imaginário totalitário. É o poder que as têm. São mentes possuídas, num mecanismo denominado por C.G Jung de "possessão ideológica". E segui-las é apenas reeditar a tragédia humana, a queda, incorporando o mal e suas manifestações e desolações.

Se você ainda não entendeu que o anjo caído lúcifer é o arquétipo da tua mente enquanto ela busca a mentira reconfortante ao invés da verdade profunda e trabalhosa, então você ainda não está pronto e precisa despertar para o plano abissal em que se encontra em estado "sonambúlico" e que pode estar conspirando para reencenar junto aos maiores demagogos, prestidigitadores, ilusionistas, mentirosos, falsificadores e enganadores da história, sendo lúcifer o seu mito-guia, ou protótipo primordial.

Na verdade, nada de novo nesse enredo no front arquetípico de batalha existencial, a não ser talvez o cenário (ou o seu pretexto e atual alvo: a saúde humana), pois a mentira precisa sempre de novos adereços... Assim como dizia Marx, um dos ícones do arquétipo luciferiano: "a história se repete primeiro como tragédia (trauma, queda), depois como farsa (mentira, fingimento, mecanismo de defesa, vitimismo e revolta ou submissão)". E assim a rebelião dos caídos se repete, de novo e mais uma vez...

E, no fim das contas não sabemos, portanto, fica a critério de cada ser humano descobrir, partindo do principio que pretenda redimir-se, ou transmudar-se intimamente, se somos nós que revivemos os arquétipos dos regimes despóticos do passado ou se são eles que seguem revivendo através de nós... Numa recorrência de tragédia totalitária que se repete como sintoma da alienação existencial em que a maioria vive a sua vida, a recusa em se autoconhecer e superar seu complexo de inferioridade que subjaz encoberto por ludíbrios em jogos de poder. E que por contraste segue sendo a senda natural de confrontação e cura para qualquer traço de delírio egóico ou coletivo, eclipsada naquele lugar onde menos o ser humano tem procurado que é no INTERIOR de si mesmo, em sua psicologia profunda.  

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