A mente humana e as células NK na defesa imunitária contra variantes virais



Estudos publicados na revista “The Lancet” verificaram que os pacientes em estados mais graves devido a covid-19 apresentaram uma síndrome de tempestade de citocinas desencadeando uma resposta hiperinflamatória no organismo. Umas das condições principais observada para essa ocorrência seria a deficiência imunológica que ocorre quando as células NK (do inglês Natural Killer ou matadoras naturais, responsáveis pela defesa do organismo no combate a infecções virais e células tumorais) e os linfócitos T (um grupo de glóbulos brancos que têm um papel importante no processo de imunidade celular) são suprimidos e não conseguem eliminar os macrófagos ativados, levando à produção excessiva de estados inflamatórios.

Ocorre que várias décadas de investigação científica têm demonstrado que a saúde humana depende do funcionamento integrado e interdependente de mediação entre fatores estressores físicos, ambientais e psicossociais que influenciam na resposta do sistema imunológico, resultando no aumento da suscetibilidade ou resistência às doenças autoimunes, inflamatórias, infecciosas, alérgicas e virais.

É nesse vetor que desponta a Psiconeuroimunologia (PNI) como campo de pesquisa interdisciplinar das interações entre o corpo e a mente, entre o comportamento e os sistemas: nervoso, endócrino e imunológico. Essa área de estudos surgiu após a constatação de que o sistema imune não trabalha de forma autônoma como presumia o modelo biomédico. Dentro de todo o organismo, há a participação de hormônios, neurotransmissores e citocinas que devido a um fator estressor são estimulados a serem ativados ou suprimidos, gerando alterações tanto na quantidade, quanto na sua ação.

O estresse agudo ou crônico desregula o organismo deixando-o susceptível a diversas doenças. A exposição contínua a estímulos e acontecimentos estressantes contribui para um estado de exaustão, ora da mente, ou do corpo, colocando em risco o seu funcionamento e comprometendo as conexões entre os seus vários sistemas que podem entrar em desequilíbrio. O ser humano deve ser considerado em sua totalidade e na relação com o que o cerca, pois suas emoções geram alterações bioquímicas no seu organismo.

Então, numa perspectiva integrativa em saúde, convém questionarmos: Qual o impacto para a saúde humana de uma medida política autoritária que viola a dignidade do ser humano? Como a saúde humana responde ao sensacionalismo viral midiático fúnebre? O que um evento estressor externo, como a possível perda de um emprego, ou o endividamento ou a falência, devido a restrições governamentais, pode acarretar na saúde humana? Que danos o isolamento social compulsório pode provocar em idosos, crianças, adolescentes, jovens, adultos e famílias? Qual o impacto da proibição ou restrição de atividades físicas e esportes coletivos para a saúde humana?

Mais ainda: Até que ponto medidas excessivamente higienistas e exclusivamente sanitaristas não são um retrocesso danoso à saúde geral ou um mero reducionismo ao modelo cartesiano biomédico já ultrapassado nas ciências da saúde? De que modo autoridades vem abusando de suas prerrogativas e invertendo axiomas de cuidados e responsabilidade pessoal em saúde para narrativas de pânico social de contágio que não só deslocam, como falsificam obrigações a terceiros, retirando-lhes direitos que deveriam ser invioláveis, como ainda tentam com isso justificar uma miríade de falsas atribuições de suas capacidades interventivas (vulgo, panaceias) atuando como “salvadores” em campanha política?

Do ponto de vista psiconeuroimunológico não faz sentido algum você proteger o organismo biológico assepticamente e negligenciar, hostilizar ou estressar o psicológico do organismo humano, pois é como proteger um sistema e atacar o outro, quando ambos são interagentes e a saúde ou a proteção imunitária depende de ambos, não só de um. Esse próprio estímulo contraditório irá extenuar o organismo e o delicado equilíbrio dinâmico entre as instâncias de saúde, debilitando as imunidades, tornando as pessoas muito mais propensas a todo o tipo de doenças, inclusive ao próprio vírus que os reducionistas biopolíticos alegam querer combater com medidas autoritárias que desprezam a dignidade humana e a saúde como um todo interligado.

Num outro viés mais holístico, a Medicina Antroposófica de Rudolf Steiner, uma doutrina que integra medicina, fatores psicológicos e espirituais, considera as infecções virais e bacterianas como contraforças do coração e pulmões. Seja numa pequena ou larga escala, essas contraforças estão associadas ao grau de proliferação de medos e ideias materialistas na sociedade: mentiras, fofocas, suspeitas, censura, corrupção, hipocrisia, histeria, pânico, desinformação, etc. Portanto, quando as narrativas oficiais dominantes são divergentes dos fatos e acontecimentos vividos pelas pessoas na vida diária, o ser humano adoece e sofre individual e coletivamente. Ou noutros termos, o mau-caratismo e outras debilidades comportamentais de muitas pessoas no combate a doença é muito mais letal do que o próprio vírus.

Nesse sentido, o medo excessivo não é sinal de virtude e pode desencadear sintomas de transtornos psicológicos, além de estressar o organismo físico e seu ambiente microbiológico. A mente é mediadora do sistema imunitário e o medo amplificado é imunossupressor não contribuindo em nada para a proteção individual ou social, muito menos irá ajudar alguém em qualquer idade, seja do grupo de risco ou não, a lidar com os sintomas caso venha a contrair alguma variante viral, colaborando ao contrário, tanto para suscetibilidade de pegar um vírus, quanto para um eventual agravamento de sintomas, justamente devido a essa exacerbação do medo a sobrecarregar o organismo.

Se o estresse é um fator que pode inibir a resposta imunológica, faz todo o sentido então utilizarmos estratégias de gestão de estresse e ansiedade para contrapor e restaurar o equilíbrio entre sistemas. Na realidade, estudos têm revelado que práticas terapêuticas e técnicas de relaxamento, dentre outras, podem ajudar a regular o estresse e a relaxar o corpo e a mente, aumentado o número de células NK e células T. Afinal, você não controla acontecimentos externos, nem muito menos eventos sociais alheios a sua vontade que produzem estresse, mas você pode escolher como lidar com o seu estresse.

Portanto, se estiver sentindo muito medo, busque associar aos cuidados físicos e assépticos, também práticas que ajudem no relaxamento do seu corpo e da sua mente, como a respiração profunda, a expressão verbal com a escuta terapêutica, a meditação, a oração, a prática de yoga, a imaginação ativa, a contemplação da natureza, a massagem, o uso orientado de óleos essenciais, o reiki, etc., dentre outras terapias e terapêuticas integrativas que ajudem você a relaxar o seu organismo psicofísico. Pois, numa época marcada pela pandemia em saúde pública e o gerenciamento bastante duvidoso de políticos pressionados por uma mídia que regozija-se em fazer terror contando óbitos, é importantíssimo desenvolver “imunocompetência”. E buscar o conhecimento e o autoconhecimento, ou a autoconsciência.

Afinal, a mente humana e as suas emoções desempenham funções reguladoras decisivas para o sistema imunitário, sendo a mente uma mediadora importante entre as várias instâncias imunológicas. Daí, investir em saúde mental também é fundamental para a prevenção, o tratamento e o fortalecimento de nosso sistema imune e a melhora da nossa saúde em geral; tanto quanto nos habilita a observar que a militância ideologizada e a gestão em políticas públicas intervencionistas e sanitaristas que não contemplam a saúde mental da população, nem respeitam a saúde como um todo, além de estarem gerando histeria coletiva e uma profusão de hipocrisias e violações de direitos e da dignidade humana, podem estar no cerne de que epidemias se tornem pandemias.

Comentários